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Solange Reckziegel

Assumindo os cabelos brancos me libertei dos padrões

Muitas mudanças na vida de uma mulher começam pelo cabelo. Mudar o cabelo é a forma mais rápida e eficiente de se tornar uma pessoa diferente. O cabelo faz parte da nossa identidade e reflete as nossas transformações internas, o nosso estado de espírito e a nossa personalidade. Por isso, quando a maioria das mulheres vai ao salão de beleza com a intenção de cortar o cabelo, o seu desejo vai além do corte. O que ela realmente deseja é uma transformação em sua vida.

Tenho 47 anos e os cabelos brancos fazem parte da minha vida há muito tempo. Antes dos 30 anos já frequentava salões de beleza regularmente para pintá-los. Como a grande maioria das mulheres, sempre fui muito exigente com a minha aparência e, por me considerar muito nova, não queria deixar que os fios brancos aparecessem. Afinal, além do cabelo branco ser um sinal de envelhecimento e estar totalmente em desacordo com os “padrões de beleza”, também era (há quase 20 anos atrás) e ainda é considerado por muitos, um sinal de desleixo.


Em 2015 eu, meu marido e nossos 2 filhos, mudamos para os Estados Unidos. Chegando aqui me deparei com uma nova realidade: além de não conhecer nenhum salão de beleza que eu confiasse nos profissionais, era muito caro pintar o cabelo ou simplesmente retocar a raiz a cada 3 ou 4 semanas. E como eu queria estar sempre com o cabelo “perfeito”, tive que aprender a pintá-lo. Confesso que em pouco tempo já me sentia muito confortável com o processo.


Nos últimos 2 anos comecei a pensar em assumir os “brancos”. Apesar de meu marido me incentivar, minhas amigas sempre me desencorajavam. Elas falavam que eu era muito nova para ficar grisalha. Por isso eu estava sempre adiando. Até ficarmos confinados por causa da pandemia do Covid-19.


Eu e meu marido fizemos um acordo: ele deixaria a barba crescer (já que tão cedo não voltaria para o escritório) e eu deixaria de pintar o cabelo. As semanas foram passando e os brancos tomando conta da minha cabeça. Sempre que precisava sair de casa, usava um boné ou um gorro para esconder a nova raiz do cabelo.


Confesso que mesmo vendo o quanto meu cabelo cresceu grisalho durante alguns meses e estando mais perto de me liberar da escravidão da tinta, fiquei insegura em bancar a minha decisão. Não é fácil desapegar de uma aparência que você está acostumada e se sente muito bem com ela. Muito menos de abrir mão “de estar de acordo com os padrões de beleza” de nossa sociedade (e que sempre me enquadrei por tantos anos da minha vida, até como forma de fugir de julgamentos).


A conversa com uma cabeleireira foi o empurrão que eu precisava. Eu não queria meu cabelo de 2 cores. Minha vontade era assumir o estilo grisalho de vez. Então ela sugeriu que eu deixasse crescer o máximo que eu pudesse e depois fizesse um corte bem curtinho. Comprei a ideia imediatamente. Até porque adoro cabelo curto e acho que combina muito comigo.


Pois bem, após 4 meses sem retocar a raiz, cortei meu cabelo bem curtinho, no estilo “Joãozinho”. Apesar do cabelo não ter ficado todo grisalho (ainda havia um pouco de tinta), adorei o resultado! Mais 4 meses se passaram e consegui o resultado que eu estava buscando. Não tenho a menor pretensão de pintar meu cabelo novamente. Gosto muito do que vejo quando me olho no espelho.


É uma sensação maravilhosa de libertação! E não falo só da tinta, me refiro também à libertação dos padrões de beleza que nos são impostos e que, muitas vezes, os seguimos sem nos dar conta.


E você, consegue ver a sua aparência refletindo o seu estado interior?

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