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Qual a receita para um casamento feliz?


25 de novembro de 1998. Quase 1 ano e meio após ter pedido demissão da empresa, eu estava de volta. Na verdade eu só começaria a trabalhar no dia 30, mas como nesse dia estava acontecendo uma festa de confraternização, os donos da empresa acharam uma boa ideia que eu participasse, a fim de me integrar à equipe mais rapidamente (embora eu conhecesse grande parte das pessoas por ter trabalhado lá durante 3 anos).


Quando cheguei, estava rolando uma partida de futebol e, para minha surpresa, as mulheres estavam assistindo o jogo com um interesse fora do normal. Por que será que não fiquei surpresa em saber o motivo? Esse motivo era o novo estagiário de engenharia. Achei novinho demais para reparar mais detalhadamente o rapaz.


Eu estava solteira desde julho e pretendia me manter nesse estado civil ao menos até acabar o carnaval. Aliás, esse seria o último carnaval de Ivete Sangalo no Eva e o meu abadá já estava garantido!


Trabalhei durante a manhã e quando retornei do almoço, para minha surpresa, o tal estagiário estava sentado na mesa em frente à minha. A única barreira entre nós era uma divisória de 1 metro e meio de altura. Ou seja, bastava uma esticadinha de pescoço e lá estava ele bem à minha frente.


Algumas semanas depois começamos a trocar olhares, bilhetinhos (nessa época celular era artigo raro e caro!) e nos aproximamos. As conversas ficaram mais profundas e a curiosidade em relação ao outro só foi crescendo. E o nosso trabalho contribuiu para essa interação, pois as nossas funções eram complementares. Quando nos demos conta estávamos grudados. Tudo era uma desculpa para uma ligação ou conversa. Até que resolvemos ceder ao que estávamos sentindo e começamos a ficar juntos, sem qualquer preocupação com futuro. Para ser bem precisa, era dia 22 de janeiro de 1999.


Quando me dei conta estávamos “na boca” do carnaval e como eu mencionei acima, meu abadá do Bloco Eva já estava comprado pra sair com a minha turma de amigos. Acontece que como ele era estagiário, a grana era curta e não dava pra comprar o abadá do Eva, um dos melhores e mais caros blocos de carnaval de Salvador. Só um detalhe que eu não mencionei, ele tinha 21 anos e eu 26. Precisávamos decidir o que fazer. Cogitamos sair separados, mas sabíamos que isso poderia ser um fim. Eu pensei e decidi vender meu abadá e comprar outro mais barato pra poder passar o carnaval com ele. Naquele momento me dei conta que o sentimento já estava maior que eu imaginava.


Daí em diante não nos desgrudamos mais até que assumimos o namoro! Continuávamos nos curtindo e aproveitando cada momento. No dia 25 de abril tomei um dos maiores sustos da minha vida: descobri que estava grávida! O chão quase abriu pra eu entrar quando li o resultado do Beta HCG. Resumo da história: eu estava namorando com um cara cinco anos e meio mais novo que eu, cursando o último ano de engenharia, não mais estagiário, pois foi promovido a gerente de projetos e que, apesar de estar super envolvida e apaixonada, conhecia muito pouco (a família dele menos ainda). Com o perdão da palavra, tudo certo pra dar merda!


A equação: decidir ficar juntos e formar uma família + morar com nossos pais durante, pelo menos 2 anos, para poder juntar uma grana e comprar um apartamento = risco total!


Quando Shefezinho nasceu (demos a ele o primeiro nome de meu marido – Shefic) a nossa vida se encheu de alegria e continuamos firmes e fortes em nosso propósito! Um ano e meio depois, eu engravidei novamente. Quando Rafa nasceu a nossa família estava completa. Tínhamos acordado que teríamos dois filhos e pra não correr o risco de parir um time de futebol, liguei as trompas no parto mesmo (a contragosto da minha obstetra). Havíamos comprado o tão sonhado apartamento no final da gravidez de Rafa e, 15 dias após o seu nascimento, nos mudamos.



Sempre fizemos o que estava ao nosso alcance pro nosso relacionamento dar certo e para isso sempre “trabalhamos” como um time. Tínhamos objetivos de curto, médio e longo prazos. Principalmente financeiros. Uma das coisas mais importantes num casamento é o consenso em relação às finanças. Tão importante quanto à educação dos filhos, em minha opinião.


Apesar das nossas diferenças, que não eram poucas, a nossa relação era ótima. Sempre fomos muito parceiros. Nos admirávamos mutuamente, a troca era constante, a vontade de sermos felizes e o cuidado com a nossa família sempre foram o mais importante pra nós. Mas como não existem contos de fadas, em 2008 tivemos uma crise conjugal. E como foi difícil. Machucou, demorou, mas a vontade de continuar juntos foi maior que tudo e aos poucos fomos ajustando os pontos e flexibilizando até achar um novo equilíbrio.


Em 2014 mudamos de país e essa foi a melhor coisa que aconteceu para o nosso relacionamento. Ficamos mais unidos que nunca. Só tínhamos a gente. Nós 4. E foi fantástico nos reinventarmos como casal e como família. Saímos da zona de conforto e escrevemos uma nova página da nossa história. Crescemos muito e a nossa relação mudou de nível. Nos reapaixonamos de uma forma diferente. Mais madura e não menos intensa que no início da nossa relação, porém com a certeza que estaremos juntos pro que der e vier, que somos grandes companheiros de jornada e que queremos e merecemos ser felizes juntos.



Daqui a pouco tempo seremos apenas nós dois, pois nossos meninos já são dois rapazes. E até por isso cuidamos muito um do outro. Queremos nos ver bem e nos incentivamos o tempo inteiro a melhorar em todos os sentidos. Isso é AMOR!


Vinte e dois anos depois estou eu aqui, no meu quarto, te contando essa história. Pra falar a verdade, eu queria mesmo é estar viajando com meu amor (um dos nossos grandes prazeres). E com a grande maioria dos restaurantes fechados, não conseguimos fazer uma reserva pra jantarmos. Mas não tem problema não: ano que vem faremos Bodas na Toscana, se Deus quiser!










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