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Entre a vaidade e o exagero

Houve um tempo em que eu não saía de casa se não estivesse com o cabelo escovado, pintado e com a progressiva atualizada. Sair finais de semana, implicava em comprar uma roupa nova a cada compromisso marcado.

Houve um tempo em que eu não conseguia ser eu mesma diante de um parceiro, sem me preocupar se eu estava arrumada o suficiente para disfarçar os meus defeitos.


Eu não pensava em comprar imóvel, carro ou qualquer bem, trabalhava para bancar os tratamentos estéticos, roupas, sapatos e salão de beleza. A verdade é que até na essência dessas atitudes eu estava errada, pois tudo isso não era para mim ou pelo meu amor próprio, era para agradar e ouvir elogios das pessoas.


A prova disso é que eu pagava a academia e ia duas vezes no mês, gastava com cremes para a pele e não usava, comprava roupas que nem eram o meu estilo, mas que estavam na modinha do momento e muitas outras loucuras.


Essa vaidade era relacionada com a falta de autoestima e aí é que mora o perigo de se chegar ao exagero e uma vida sem o menor propósito. Eu não conseguia parar, apesar de em muitos momentos ter consciência do que eu estava fazendo comigo. Já havia se tornado um ciclo venenoso e a cada dia eu aumentava mais a dose.


Mas a vida ensina sempre! E se você não ouve o que ela está dizendo, minha amiga, vai ter que aprender da forma que ela achar melhor.


Quando esse processo já estava desgastante e impactando na minha vida financeira, sentimental e até nas relações de trabalho e amizade, eu comecei a sentir que precisava de uma mudança brusca.


Mas junto com esse sentimento estava a inércia para mudar qualquer coisa ou assumir quem eu realmente era. Mas lembra o que eu falei sobre a vida?


Pois é! Nesse turbilhão que eu achava que não podia piorar, veio a notícia de um câncer, mais especificamente um Linfoma Não-Hodgkin. Então eu finalmente entendi que as minhas opções, caso sobrevivesse, eram mudar ou mudar. Não havia outro caminho.


Sem entrar em detalhes de todo o processo extremamente sofrido de um tratamento contra o câncer, preciso apenas ressaltar que o que primeiro ele te ensina é sobre a vaidade.


Os cabelos que não me permitiam sair de casa sem escovar ou pintar, as sobrancelhas que precisavam estar impecáveis, as olheiras sempre disfarçadas com maquiagem, tudo isso naquele momento caiu por terra, literalmente. Os cabelos caíram e, no lugar deles, surgiu uma careca reluzente, os fios das sobrancelhas não existiam mais e as olheiras triplicaram com medicações, mal-estar, noites mal dormidas e medo.


O corpo perdeu toda a massa magra e a firmeza que tanto me preocupava em manter, naquele momento, não havia deixado nem vestígios.


E então, a vida, como a melhor das professoras, e o câncer, como o melhor dos coachs, me mostraram o que realmente importava e quem eu queria ser a partir dali. Ganhei a cura como presente e o meu objetivo é honrá-la a cada dia e a cada minuto.


Mas você não tem mais vaidade, Liz?

Tenho, claro! Mas é aquela vaidade que valoriza a minha saúde mental e física. Aprendi a importância de uma boa alimentação, de se hidratar, de tratar o corpo como um santuário, pois não importa o lugar que você vá ou o que você tenha, é ele a sua principal e melhor morada.

Se eu quiser escovar o cabelo ou até fazer algum procedimento estético, será por mim e não para agradar ninguém ou parecer quem eu não sou.


Essa vaidade não está mais em primeiro lugar na minha vida, apenas no lugar que ela precisa estar: abaixo da autoestima, da simplicidade e da humildade.


E você? Em qual lugar está colocando a sua vaidade?



Se quiser conhecer a história de superação de Liz, acesse o link a seguir para comprar o livro Um encontro inesperado.








Créditos Fotos:

Sarah Jessica Parker: Glamour Magazine UK

Foto 2: Photos por Pixabay

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