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FIM DO JOGO. OBRIGADO POR JOGAR!


Todo final de ano fazemos um balanço de nossas vidas e planos para o ano seguinte. Planos esses que, muitas vezes, deixamos de lado à medida que o tempo passa e somos engolidos pela rotina. O curioso é que normalmente imaginamos o tempo como se ele fosse infinito e estamos sempre postergando mudanças importantes ou de pequenos hábitos que certamente tornariam a nossa vida melhor.


E de repente fomos surpreendidos por uma pandemia mundial onde tivemos que nos adaptar a uma rotina completamente nova. Novas condições de trabalho e estudo, convivência familiar intensa (ou pra quem mora sozinho, momentos infinitos de solidão), restrições sociais, incertezas e muito medo da morte.


Como seres plurais, reagimos de formas diferentes e não existe forma correta. Cada um vivencia a mesma experiência de forma única. Eu confesso que quando percebi que o negócio era sério, fiz uma mudança de planos, tentando mitigar os riscos de contrair o vírus e caso contraísse, de estar mais preparada fisicamente para sair ilesa. Graças a Deus deu certo! Eu, meu marido e nossos 2 filhos testamos positivo em Julho.


Não foi um ano fácil, mas eu tô satisfeita com meus resultados! É claro que adoraria ter me recolocado no mercado de trabalho, ter encontrado com alguns amigos queridos espalhados pelo mundo, ter explorado novos lugares, me conectado com pessoas novas e estar nesse exato momento no Brasil, com a minha família, mas só tenho a agradecer. Por estar viva e com a saúde física e mental em dia, por saber que a minha família também está bem, por ter tudo o que preciso pra ser feliz e por fazer questão de ser feliz.


Algumas vezes durante essa pandemia eu me lembrei da minha infância. Sou a filha mais velha de uma família com 4 filhos e além dos meus pais, a minha avó materna sempre morou conosco e alguns anos mais tarde, meu falecido padrinho, devido a problemas com o álcool também passou a fazer parte do nosso núcleo familiar. Ou seja, a casa estava sempre cheia.


Povoávamos o pequeno apartamento onde morávamos de uma forma que tínhamos a sensação de todos estarem ao mesmo tempo no mesmo cômodo. E se você quisesse privacidade, saísse de casa! A minha família parecia aquelas famílias típicas italianas, onde todo mundo falava alto e ao mesmo tempo e quem estava de fora apostaria que aquilo não poderia nunca ser uma conversa. A roupa suja era lavada na hora e minutos depois parecia que nada tinha acontecido.


Éramos felizes. Vivíamos com o básico. Nada de excessos. E assim eu aprendi a apreciar o simples. A sopa de feijão da minha avó era a melhor comida do universo (ainda hoje não a trocaria por nenhum prato de qualquer restaurante 3 estrelas Michelin), o pão quentinho com manteiga feito por minha irmã mais nova e meu padrinho (pra economizar o dinheiro da padaria) era tão bom que poderia ser vendido nas melhores boulangeries de Paris, o chá de cidreira no final da tarde que a minha avó fazia me dava o conforto que precisava para finalizar o dia, as partidas de buraco eram excelentes opções para os momentos que o tempo resolvia parar e nos finais de semana não poderia haver programação melhor: praia! Felicidade garantida.


Se você não é feliz com o que tem, nunca será com o que não tem.


E com todas essas referências, difícil mesmo é estar longe das pessoas! A disciplina de ter uma rotina (que eu adoro!) sempre me ajudou e num momento como esses faz toda a diferença! Esse ano eu consegui retomar a forma física, melhorar a alimentação, conviver mais com meus filhos (que já já estarão voando solo), estar ainda mais próxima de meu marido, mudar de nível na cozinha (dizem aqui em casa que tô mandando muito bem!), fazer um curso de Gestão de Projetos, ler vários livros, dar vida à plataforma #nawno apologies women, me conectar com mulheres maravilhosas e estar presente. Aliás, essa última foi uma conquista e tanto! Estar presente requer prioridade, foco, disciplina e treinamento. E infelizmente não é uma conquista vitalícia.


Levando em consideração que a vida é de mim e não pra mim eu tenho total consciência que a responsabilidade de fazer a minha vida interessante é 100% minha e que o meu foco deve estar no que eu posso controlar, independente do que esteja acontecendo à minha volta. Ainda que seja uma pandemia de ordem mundial, com muitas mortes, separações, dores, angústias, medo e incertezas.


Na última semana, pessoas muito próximas à minha família vieram a óbito. Algumas por causa do COVID e outras não. E isso dói e amedronta! O cenário de incertezas só nos deixa ainda mais fragilizados. Mas não podemos jogar a toalha. Temos que nos movimentar em direção ao que acreditamos e desejamos. E aproveitar esse presente maravilhoso que é a vida!


Eu te desejo um ano novo repleto de saúde, movimento, vida, cura, encontros, presença, experiências, pequenas conquistas, hábitos saudáveis, felicidade e muito amor!




Créditos:

Foto Capa: Gerd Altmann por Pixabay


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